O ambiente organizacional e a cultura de uma empresa são fatores essenciais para a saúde mental no trabalho. Qualquer profissional precisa lidar com as tempestades enquanto desempenha seu papel cotidiano com eficiência, então, nada mais importante do que buscar manter o equilíbrio psicológico e emocional dentro do ambiente corporativo.
Isso significa que os colaboradores têm que ter tempo não só para atingir as metas, como também para descansar, se aprimorar e até mesmo criar laços com os colegas, por exemplo.
E nada disso é possível em ambientes nos quais o cotidiano é frenético, com volume de trabalho crescente e uma cultura que mais parece um “se vira nos 30”. Pensando nisso, neste artigo, você vai entender melhor como agir e pensar para alcançar o tão sonhado equilíbrio nesse quesito!
O que é saúde mental no trabalho?
A saúde mental no trabalho é um estado de bem-estar que permite aos profissionais utilizarem suas competências, lidarem com o estresse do dia a dia, serem produtivos e contribuírem com outras pessoas no decorrer de um processo contínuo de aprendizado e desenvolvimento da carreira.
Sua ausência pode afetar o desempenho desses profissionais e até mesmo se transformar num fator de influência negativa direta no ambiente corporativo. Nesses casos, uma liderança humanizada e comprometida vai ser essencial – e contribuir quando a superação de desafios for necessária também.
O que mais afeta a saúde mental do trabalhador? 9 fatores preocupantes
A saúde mental de um trabalhador pode ser afetada, principalmente, pelo ritmo frenético das atividades na empresa em que ele atua e, ainda, especialmente pelo chamado “clima organizacional”: a percepção que todos os profissionais têm do ambiente, e que afeta diretamente seu comportamento.
Alguns outros fatores podem se tornar determinantes também, a exemplo da falta de comunicação e de flexibilidade de horários, da sobrecarga, da desvalorização, dentre outros. Conheça todos a seguir.
1. Falhas de comunicação
Uma boa comunicação se torna imprescindível para qualquer empresa manter a qualidade das interações entre seus colaboradores. Lugares sem premissas claras para os fluxos de informações e que não cuidam da comunicação interna costumam desenvolver um clima de insegurança e rivalidade entre áreas.
Se “colaboração” não é a mentalidade dominante, fica muito fácil surgir indisposição entre colaboradores até mesmo de uma mesma área, o que acaba gerando mais estresse e menos produtividade.
2. Inflexibilidade de horários
Ter uma jornada definida e estabelecer uma rotina não são fatores que atrapalham o desempenho dos profissionais, pelo contrário, mas a flexibilidade ou possibilidades de alterações de jornada devem sempre ser consideradas para que os colaboradores tenham “margem de manobra” para conciliar suas vidas pessoais e o trabalho.
Em paralelo, a maturidade de cada trabalhador entra como fator essencial para culturas organizacionais mais flexíveis e, consequentemente, ambientes com melhores índices de saúde mental.
3. Sobrecarga de trabalho
É comum que o volume de trabalho seja variável em muitas empresas, mas, infelizmente, não é tão comum que priorização e boa organização sejam práticas difundidas e bem estabelecidas, por isso, falta saúde mental em muitos casos.
Sem priorização e organização correta de tarefas ou ações, mesmo aquelas que não têm grande criticidade começam a se encavalar e tudo logo se transforma em urgência. Assim surge a sobrecarga, levando a um esgotamento mental e físico que, muitas vezes, não é percebido.
Tarefas simples demoram muito mais tempo para serem feitas e tudo fica pior ainda para as mais complexas. O ciclo vicioso do retrabalho se instaura em toda a corporação.
4. Desvalorização profissional
A desvalorização profissional pode ocorrer por vários fatores – desde lideranças inadequadas até um clima organizacional que leva ao ritmo frenético no qual não há tempo para refletir, apenas agir – e ela, com certeza, afeta a saúde mental dos trabalhadores.
Estabelecer sessões formais de feedbacks ajuda bastante, mas reconhecimentos que vêm das interações cotidianas, não de conversas agendadas, também são extremamente importantes. Profissionais que se esforçam e, mesmo assim, não têm um retorno, não só ficam desmotivados como podem começar a enfrentar problemas de autoestima.
5. Insegurança com o mercado de trabalho
Com um mercado de trabalho instável e sem receber feedbacks, fica ainda mais fácil haver queda de rendimento de profissionais que não se sentem reconhecidos e valorizados, e todos esses fatores somados acabam prejudicando a busca das pessoas por um equilíbrio psicológico e emocional.
6. Pouco poder de participação e baixa autonomia
Parte da maturidade profissional está em assumir responsabilidades e ser capaz de delegar tarefas e orientar outros profissionais. Isso exige autonomia e controle sobre o próprio trabalho, dentre outras coisas, e a ausência de ambos os fatores pode levar até os profissionais mais experientes ao sentimento de impotência e à frustração, o que também abala a saúde mental.
É importante que o desenvolvimento de autonomia e independência faça parte da cultura de empresas que pretendem prosperar da melhor forma.
7. Cobrança por resultados
Uma gestão por indicadores que foque demais em números e esqueça da complexidade dos processos, especialmente pela participação de seres humanos neles, comumente abala o psicológico dos profissionais.
O autor e especialista em liderança, Simon Sinek, famoso pela TED Talk chamada “WHY”, aponta que cobrar números (dados, porcentagens, valores etc.) de pessoas é um equívoco e que deve ser foco das corporações não só uma boa definição de metas, mas a sustentabilidade dos métodos usados para atingi-las mesmo quando não se chega lá.
Nenhuma saúde mental resiste a cobranças que ignoram indivíduos e focam apenas em dígitos!
8. Ambiente passivo-agressivo
Assédio moral é evidentemente terrível e jamais deve ser tolerado, mas ambientes onde o comportamento passivo-agressivo é predominante podem ser ainda mais desgastantes e tóxicos.
Ironia recorrente, sarcasmo a toda hora e até silêncio constrangedor podem ser indicativos de um clima organizacional em que a agressividade corre por debaixo dos panos e entram na lista de fatores gravíssimos quando profissionais estão buscando por saúde mental no trabalho.
9. Longas jornadas de trabalho
A hora extra paga ou contabilizada em banco nem sempre é uma boa ideia!
Trabalhar por mais horas afeta diretamente a resiliência de um profissional, ou seja, quanto mais tempo uma pessoa seguir trabalhando, menor será seu rendimento e mais horas ela vai precisar trabalhar. Nada bom, não é mesmo?
Essa constatação, inclusive, leva a mais pontos que mostram a importância da saúde mental no próprio ambiente de trabalho – e como parte da cultura organizacional. Continue lendo.
Qual a importância da saúde mental no ambiente de trabalho?
A saúde mental no ambiente de trabalho é essencial para o bem-estar dos trabalhadores como um todo e, consequentemente, é imprescindível para que cada profissional possa desempenhar seu papel da forma mais eficiente possível, alcançando os melhores resultados para si mesmos e para a empresa.
Confira as principais razões para levá-la muito a sério.
Desempenho e produtividade
Funcionários com boa saúde mental costumam ser mais engajados, criativos e resilientes. Ainda que cada indivíduo reaja de forma diferente, ambientes engajados em boas práticas de convívio são muito mais propícios a terem respostas eficientes até em momentos de crise.
Satisfação do funcionário
Mesmo que uma empresa ofereça um ótimo salário e um pacote de benefícios de brilhar os olhos, um clima organizacional ruim e pouco espaço para reconhecimento, por exemplo, acabam derrubando a satisfação dos funcionários drasticamente.
Cultura organizacional saudável
Uma coisa acaba alimentando a outra, por isso, a cultura organizacional também impacta na saúde mental dos profissionais de uma empresa, ou seja, os hábitos comportamentais cultivados no ambiente de trabalho têm tudo a ver com como cada pessoa se sente ao final do dia. E gente feliz ajuda a fazer feliz mais gente!
Redução de custos
Matemática simples: maior número de colaboradores doentes, mais custos para a empresa. E a recíproca também vale!
Se o ambiente corporativo é ruim, os funcionários enfrentam mais estresse e mais desgaste, e a organização enfrenta maiores índices de absenteísmo no trabalho e de perda de produtividade, enorme dificuldade de atingir metas etc. Mais saúde mental = menos custos.
Prevenção de doenças mentais
“Burnout” parece palavra da moda, mas é um mal antigo e que só foi reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2019, passando a ser relacionado, oficialmente, na Classificação Internacional de Doenças (CID).
Essa e outras doenças mostram, explicitamente, como a falta de saúde mental no ambiente de trabalho pode ter consequências severas para todos os envolvidos. Prevenir males assim é fundamental, especialmente no aspecto humano.
E vale ressaltar que o aspecto humano é o “ativo” mais valioso para qualquer organização, afinal, sem pessoas, não existem empresas!
Então...
Como melhorar e manter a saúde mental no trabalho?
Talvez a dica principal para manter a saúde mental em dia seja lembrar que ela é o principal instrumento de trabalho de cada pessoa e essencial para o bom desenvolvimento de todas as suas competências e habilidades.
Por isso, que tal dar uma olhada na tabela abaixo, com 12 dicas para cuidar da saúde mental no trabalho?
Dicas para cuidar da saúde mental no trabalho |
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Para as empresas, cabe promover ações para a criação de um ambiente saudável e a implementar políticas de bem-estar, como uma cultura de feedback constante, o combate a comportamentos abusivos e programas voltados para atividades físicas ou para incentivo ao “lifelong learning” – o aprendizado contínuo.
E buscar por orientações especializadas sobre gestão para ter ajuda também na hora de responder frases e perguntas comuns ligadas à saúde mental no trabalho, como “Eu não vou conseguir!”, “Ninguém valoriza o que eu faço” ou “Como eu sei que estou sendo valorizado(a)?” e “É muita coisa ao mesmo tempo!”.
Expressões assim, repetidas muitas vezes, são um indício de que o ambiente corporativo se tornou fonte de muita frustração e estresse e importam na hora de diferenciar um profissional desafiado ou angustiado.
O desafio testa os limites e promove aprendizado, enquanto a angústia é um sinal de abandono. Fique ligado(a)!
Então, como abordar o tema da saúde mental no ambiente de trabalho?
Para começo de conversa (literalmente!), não fale do assunto como se fosse um tabu, mas sempre respeite a privacidade de cada colaborador, tratando de cada situação em âmbito geral e sem mencionar acontecimentos específicos e pontuais ou utilizando alguns acontecimentos como exemplos, sem riqueza de detalhes ou apontamento de “a quem” eles “pertencem”.
Desenvolva um programa de saúde mental ou procure o setor de Recursos Humanos para sugerir ações nesse sentido, assim, a empresa vai poder contar com médicos e profissionais que lidam com o assunto diariamente para a realização de uma abordagem mais adequada.
Ainda dentro desse escopo, por que não pensar sobre oferecer sessões de psicoterapia como um dos benefícios por aí?
Incentive as pessoas a compartilharem hábitos que têm adotado para manter o equilíbrio emocional em dia, fale dos seus próprios costumes e das suas tentativas também (mesmo as que não deram tão certo) e apoie a procura por informações confiáveis ligadas ao tema, incluindo pesquisas e estudos divulgados, por exemplo, pela OMS.
Se você leu este artigo por completo, provavelmente já será capaz de tomar excelentes iniciativas. Boa sorte no processo!
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